quinta-feira, 9 de outubro de 2014

 Ponto de partida 

Inauguro hoje minha fala no Blog após a minha terceira ida até a escola e segundo encontro prático com a turma. Primeiro ressalto o entusiasmo gerado em mim pela disponibilidade daqueles que foram. Apesar do número não ser grandioso me senti feliz por ter aquela turma formada.  Estamos estudando a possibilidade de fazermos uma segunda chamada para o projeto, mas me pego pensando no processo iniciado, nos dois encontros já realizados e naquilo que a turma já vem construindo enquanto experiência e repertório coletivamente.



Quinta feira, 09 de Outubro de 2014

Prosseguia para a escola Adelina motivado com a boa recepção dos corajosos que  escolheram embarcar nessa nossa aventura teatral cheia de muitos desejos e desafios a serem realizados durante os seis meses do projeto.  No Ônibus repassei as propostas elaboradas para o encontro. Decidi retomar alguns jogos realizados na segunda feira ( 07 de outubro ) no intuito de aprofundar a experiência vivida, traçar novos contornos ao que foi feito, pensar na aquisição de repertorio  através da repetição e buscando suscitar na turma o sentido de apropriação de elementos e vocabulários teatrais.  Para finalizar decidi que eles teriam o primeiro momento de criação coletiva longe dos olhos do professor. 
Diferente do encontro anterior trabalharia com a turma durante as duas horas seguidas ( 09h às 11h).  Cheguei à escola, organizei o auditório, troquei de roupa e esperei de 09h até 09h10. Nenhum dos meninos e meninas apareceram nesse tempo.  Fui tomado por aquela sensação comum ao professor de que ninguém chegará.  Eis que surge  Lariane! Sensação de alívio (uma não desistiu). Logo em seguida chega mais dois, três e iniciamos nosso encontro às 09h25. Total de presentes  9, contando com a  Carolaine que chegou as 10h.

Presentes:

Stefany
Betriz
Iury
Deivisson  (novato)
Thierry (novato)
Lariane
Brenda
Monik
Carolaine (novata)

BREVE AQUECIMENTO E ALONGAMENTO

É preciso acordar esses corpos que carregam resquícios de “quero dormir mais”.I niciamos com uma grande roda. Mãos dadas. corpo pesa pra trás. equilíbrio. Olho no olho. Muitos sorrisos.  Proponho um breve alongamento e aquecimento do corpo sempre remetendo à imagens :  temos em nossa frente duas torneiras, vamos abri-las com as duas mãos. Força! Agora vamos nos dar um forte abraço. Vamos tocar/pegar um objeto no alto do armário. Primeiro uma mão, em seguida a outra. Agora vamos tocar o céu, as nuvens.  

ZIP ZAP – Variações

Proponho em seguida retomarmos o zip zap indo direto para a fase dois, dizendo o seu próprio nome. Muitos erram. Grande é a desconcentração. Precisamos progredir gradativamente instaurando uma atenção mais difusa.  Avançamos para a fase três (dizer o nome do colega para qual envio o zip/zap) e quatro ( dizer o nome de quem a pessoa para qual envio o zip/zap deve direcionar o seu zip/zap).  A confusão é maior, parto então para outra proposta.

JOGO DO NÚMERO

Ainda em roda contaremos até 10, porém não iremos definir a ordem. Qualquer um pode falar um número. O nosso objetivo é contar até 10.  Reforço a importância do olho no olho para conseguirmos alcançar o desejado. Meninas e meninos ansiosos! Não saímos do número 2. Ficamos por um longo tempo imersos no jogo.  Reforço aquilo que aprendemos no encontro passado “Gente! Precisamos de escuta. Lembra daquilo que falei sobre o que significa escuta? Que vai além de ouvir auditivamente? Se olhem mais antes de falar o número”.   Dica dada, chegamos ao número 5.  
Troca rápida de jogo! Vamos para o CARRASCO!
Limito o espaço, reforços os nomes e as regras do jogo para aqueles que chegaram agora e partimos para o ataque.  A retomada ao carrasco traz um novo brilho. Ouço mais claramente os nomes, corpos disponíveis, raciocínio rápido. No calor do jogo peço para que formemos rapidamente uma roda. Retomo o jogo dos números. Chegamos até o 7 sem errar.
Voltamos ao carrasco! Fazemos uma rodada e retornamos a roda para cumprir o objetivo de contar até 10. Conseguimos! Muitos pulos de felicidade.
Todos sentados e conversamos brevemente sobre o jogo.   Pergunto a dificuldade desse exercício e alguém fala da ansiedade de falar primeiro.

CONTAR UMA HISTÓRIA COM UMA PALAVRA SÓ

Parto então para o próximo exercício.  Explico as regras que são simples: Iremos contar uma história na qual cada fale uma palavra e o próximo vai completando. É necessário buscar a criação de frases e completando aquilo que outro disse, buscando manter sentido.  Criamos duas histórias interessantes: a de uma mãe que virou vaca enquanto estava passeando pelo quintal e a de um jardim escuro e tenebroso habitado por dragões.  O meu desejo com o jogo era de envolvê-los numa primeira criação fabular de um modo coletivo, sem protagonismo ou constrangimentos.  Dou nome a essa história que contamos de fábula e também nomeio de um tipo dramaturgia. Cito referências comuns sobre o que vem a ser dramaturgia.  É preciso repertoriar, penso eu.

Continuando no campo da criação parto para o jogo do PRESENTE IMAGINÁRIO.  Divido em duplas e um trio cada um presenteia um ao outro com algo imaginário. O modo como o presenteado utilizar o objeto nos dará a dimensão do que ele ganhou.  Estabelecemos novamente a relação palco-plateia e prestigiamos a troca de presentes. Friso: Busquem mostrar no corpo de vocês aquilo que não pode ser dito. Quanto mais presente no corpo mais claro ficará para o público/espectador.  Desse jogo surgem bonés,calças,cintos e telefones.
Peço à todos que sentem-se na plateia. Coloco um tecido azul no meio da sala.  Agora temos um material físico, real mas que não pode ser utilizado apenas como o que ele já é.   A forma como vocês utilizarem indicará no que você transformou o pedaço de tecido. 
Quem quer começar? Cinco levantam. Peço que todos retornem a cadeira.

“Lembram do jogo do número?  A vontade de falar primeiro é mesma do que essa de levantar primeiro. É como se estivéssemos jogando novamente, porém sentados e sem falar.   Sempre que mais de um levantar, todos sentam. Apenas quando um levantar iremos ao jogo.”

Três levantam. Dois se sentam para apenas um ir. 

O primeiro cria desenhos no chão moldando o tecido.

O segundo repete a proposta do colega anterior.

Sugiro “ explorem mais o tecido. No teatro ele pode se qualquer coisa. Lembre-se disso”

Aparece um cachecol, depois um rato, uma saia , um turbante.
Troco o material . Agora temos um grande fone de ouvido, desses modelos antigos.   Eles o transformam em celular, cinto, chifres, colar. 

Para finalizar retornamos ao Jogo dos QUADROS VIVOS (tableau vivant).  Sugiro o espaço.  Busco lugares que possibilitam imagens diversas  tais como “Hospital, “eu na minha casa” e menos convencional “objetos femininos  de beleza”.

É notória a potência desse jogo que ao mesmo tempo em que os divertem se mostra repleto de possibilidades e inventividade. Ver a transformação do corpo em objetos, ver mãos, pés, e cabeças engajadas em posições nada convencionais ou naturais é interessante.  Peço para criem um grande quadro. O tema foi livre, eles escolheram e criaram enquanto em me ausentava por alguns minutos da sala. Ao retornar a grande imagem era um ônibus, conduzido por um motorista que ao descongelar fazia curvas perigosas, composto também por portas humanas, um usuário dando sinal, uma trocadora, uma roleta humana e pessoas sentadas nos bancos.  O descongelar da imagem também era um ponto forte da proposta da turma, que havia pensando inclusive curtas falas.

 Fim do encontro,roda de conversa.  Dou alguns recados sobre o nosso próximo encontro (previsto para o dia 20 de outubro, devido à semana da criança) e entrego nas mãos da Beatriz o nosso caderno de registros . Eles sugerem de dar um nome ao caderno e também querem logo transformar a capa cinza em algo mais colorido. Nomes citados: Cadernos dos sonhos, turma da risadinha.  Deixei a possibilidade no ar.


Palavra do dia: ansiedade ( além de: sonhos, alegria, felicidade, risadinha). Em diagonal cada um grita a palavra escolhida repetidas vezes  enquanto pula e gira até a outra ponta da sala.  A situação e divertida de ser assistida. Depois em roda gritamos a palavra após contarmos até 10.

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